CAPÍTULO 2: Detectives de Lane County: Dough Welch e Roy Pond (Ann Rule, Pequenos Sacrifícios, 1987) - 013

 

Naquela noite de quinta feira de 19 de Maio de 1983, o relógio marcava 23 h15 m quando os detetives de Lane County, Dick Tracy, Doug Welch e Roy Pond foram chamados a comparecer ao Hospital McKenzie Willamette. O procedimento era sempre o mesmo: primeiro chamava-se a polícia, depois o departamento do Governador caso precisassem de emitir um mandado de busca ou outro tipo de auxílio legal.

(...)

Pela pouca informação que receberam, os detetives contavam deparar-se com crianças apanhadas em fogo cruzado entre vizinhos rivais, a apresentar ferimentos ligeiros, os quais precisavam ser bem fotografados para serem entregues a um procurador geral. Era o que o detetive Dough Welch menos gostava: instruir crianças com ferimentos a ficarem quietas debaixo de luz forte para que a imagem detalhada e ampliada de seus ferimentos seja registada e preservada para a posterioridade legal. Antes de sair de casa naquela quase meia-noite, Welsh foi espreitar os seus dois filhos, que dormiam no quarto. Nunca que ele havia planeado ser polícia. Os polícias intimidavam-no. Mas a vida dá voltas e após uma redução governamental no número de pilotos de caça Welsh, que tinha esposa e um bebé a caminho, sentiu que uma carreira na polícia era bastante interina. Com o tempo, foi-se aprimorando e era agora, desde à três meses, não apenas um polícia, mas um detetive.   

Em cinco minutos apenas, Welsh encontrava-se a estacionar no parque de estacionamento do Hospital. Acenou a Rich Charboneau, que viu a guardar um carro vermelho de marca Nissan e avançou para dentro da sala de traumas.


Três crianças estavam deitadas em mesas de tratamento. Nada do que estava a contar. Uma tinha falecido pelo menos há uma hora, pois a pele exibia já os sinais de cor arroxada da lividez. Reparou que tinha um ferimento de bala no ombro esquerdo. Alguém lhe disse haver outro no ombro direito e de fato, verificou que sim. Sua cabeça começou a latejar. 

Enquanto o corpo era fotografado pelo sargento Jon Peckelsencarregue de reunir evidências físicas para o Estado, o detetive Roy Pond juntou as roupas ensanguentadas deixadas nos cestos e ensacou-as como provas. Etiquetou, colocou nome, data, local. Uma bala calibre 22 ainda estava presa numa das camisas. O detetive apressou-se a colocá-la no interior de um envelope. 

Welsh focou a sua atenção no outro lado da sala. Os médicos estavam ferverosamente de volta de outra menina. Em segundos, a criança, mesa e todos os que a rodeavam, saíram da divisão. Welsh não fazia ideia para onde iam. Escutava-se o choro de um menino pequeno, não mais de três. Os médicos rolaram o seu corpo de lado, para poderem tratar-lhe das costas. Os detectives avistaram o ferimento de bala: mesmo quase ao centro da coluna vertebral. Repararam também nas marcas pretas em volta: pólvora. Foi uma ferida de contacto. Ou quase.



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