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CAPÍTULO 2: Chegada da polícia (Ann Rule, Pequenos Sacrifícios, 1987) - 010

  Willadene não conseguia compreender o que podia ter acontecido. Ela tinha estado com Diana e os filhos naquela tarde. Tomava conta de Danny todos os dias e as meninas também, quando voltavam da escola. Geralmente, jantavam todos juntos em sa casa, mas naquela noite ela e o marido tinham uma reunião. Diana foi buscar as crianças depois de sair do emprego e levou-as para jantar. Tudo estava bem. Como é que Diana e as crianças podiam estar na estrada de Marcola? Foi então que Diana falou: " Fomos lá visitar o Marco e a Heather... " Willadene não se lembrava quem aquelas pessoas eram ou se os conhecia. Mas naquele instante, não importava. Pegou no braço da filha e as duas caminharam para a sala de espera maior. Mãe, não consigo viver sem os meus filhos .  Willadene fez aquilo que vinha a fazer a vida inteira: tentou acalmar as coisas. " Não te preocupes. Elas vão ficar bem. As crianças estão com bons médicos ".  (...) Wess Drederickson entrou apressadamente na sala de

CAPÍTULO 2: Enquadramento familiar (Ann Rule, Pequenos Sacrifícios, 1987) - 009

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  Wes, o pai de Diana e Willadebe Frederickson, a mãe, viviam a menos de três quilómetros do Hospital. Elizabete Diana era a mais velha dos seus cinco filhos adultos. Havia mudado do Arizona para Springfield apenas à semanas. Willadebe receava hospitais. Nunca nada de bom poderia resultar de um telefonema vindo de um hospital. Desde que os pais de Wes faleceram num terrível acidente rodoviário uma década antes, que Willadebe sentia sempre uma enorme ansiedade quando o telefone toca a meio da noite. Vestiu-se sem reparar o que colocava e juntou-se ao marido. Só quando já estavam a chegar à entrada do hospital é que Wes se lembrou que esquecera de colocar a sua dentadura. O pai de Diana é um homem asceticamente bonito. No início dos 50, a sua aparência física assemelhava-se à de Palmer Cortlandt, o milionário da série de televisão "All My Children". Era uma figura importante em Springfield. A pessoa número UM no departamento dos correios locais. O chefe de departamento. Pareceu

CAPÍTULO 2: Diana Downs (Ann Rule, Pequenos Sacrifícios, 1987) - 007

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  CAPÍTULO 2:  Parte 1: Quem são estas pessoas ? Judite Patterson achou que devia confortar a jovem mulher que tinha trazido as crianças feridas para o hospital - e tentar descobrir o que aconteceu.  A mulher identificou-se como  Elizabeth DOWNS, mas disse a Judite que todos a tratavam pelo seu nome do meio, Diana. As crianças baleadas eram seus filhos: Christie Ann, oito anos, Cheryl Lynn, sete anos e Stephen "Danny" Downs, três. Diana permanecia em estado de choque, falando num tom factual, inexpressivo, segurando as emoções. Vestia uma T-shirt azul clara que dizia "Nantucket" em letras que percorriam o seu amplo  peito. Por cima, usava uma camisa também azul. Havia uma pequena mancha vermelha numa das mangas da camisa. As calças de ganga eram gastas, bem largas, mas ela tinha um porte físico perto da perfeição. Pareceu a Judite que era jovem, provavelmente vinte e poucos anos. A pele estava bem bronzeada, embora agora lhe parecesse que o bronze tinha um ar super

CAPÍTULO 2: A história relatada (Ann Rule, Pequenos Sacrifícios, 1987) - 008

 CAPÍTULO 2: Continuação (01) « Pensei poder tratar-se de uma disputa doméstica » - recorda Judite. " Se um homem tinha sido louco e cruel o suficiente para alvejar três crianças, podia tê-la seguido até as emergências e começar a disparar em toda a gente. Queria chamar a polícia o quanto antes, estava assustada " - relembraria depois.  "Quero telefonar aos meus pais" - diz a mulher loura, agora identificada como Diana Downs. " Preciso de lhes ligar " - insiste.  Judite acenou afirmativamente enquanto falava ao telefone. Cobre o receptor com a mão e pergunta a Diana: " Pode dizer-me o que aconteceu novamente? Para contar à polícia? " " Alguém alvejou os meus filhos.. ." Judite foi repetindo a informação fornecida por Diana. Esta não se recordava onde o massacre tinha ocorrido, mas achou que talvez pudesse dar com o local. Mencionou que talvez pudesse ter sido na estrada de Mohawk ou em Marcola. Existindo dois locais com o primeiro nom

Pequenos Sacrifícios: Ann Rule, 1987, Crimes Reais - 006

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CAPÍTULO 1 (cont. part. 06) O Dr.  Miller injectou rapidamente 30 miligramas de bicarbonato de sódio para forçar o coração a bater e levantou a cabeça no momento certo para ver Steve Wilhite a entrar apressadamente na sala.  O cirurgião torácico olhou para a paciente. " Parecia morta ". Wilhite recriminou-se por ter chegado tarde demais. Não tinha pressão arterial, não havia pulso. As pupilas estavam fixas e dilatadas.  Mas Wilhite e Miller recusaram-se a desistir. Steve Wilhite agarrou um tubo e enfiou-o diretamente no pulmão esquerdo, atravessando-lhe a pele e peito. Não havia necessidade de anestesia - a criança não sentia nada. Conseguiu extrair 300 cc de sangue vermelho. Com perícia, enfiou outro tubo no pulmão direito. Não surgiu nenhum sangue no tubo e havia muito pouco, se algum, ar. O pulmão esquerdo havia colapsado sobre ele mesmo, como um balão vazio . O direito, afogava-se no próprio sangue.  Wilhite introduziu rapidamente uma linha CVP (Pressão Venosa Central) e

Pequenos Sacrifícios: Ann Rule, 1987, Crimes Reais - 005

  CAPÍTULO 1 (cont. part. 05) À ordem de Miller, Gulley, o terapista respiratório, inseriu um tubo endotraqueal na garganta da criança e tentou forçar ar para os seus pulmões. Existia algum bloqueio impedindo o oxigénio de expandir no seu peito. Uma máquina portátil de raio-X indicou o problema. Uma hemorragia massiva no pulmão esquerdo não deixava espaço para ar. O pulmão direito da paciente também estava a colapsar. A menina estava rapidamente a esvaziar-se em sangue, na eminência de morrer por exsanguinação. Os testes ao sangue indicavam que mal tinha suficientes células ou hemoglobina para suster vida. (...) A sua pele estava fria, com sombras do temível tom azulado da cianose. O seu ritmo cardíaco surgia esporádico e vacilante no monitor. Tudo sinais incompatíveis com vida. A criança não tinha nada a seu favor, a não ser a recusa dos muitos médicos em deixá-la ir. E o coração deixou de bater. 

Uma biblioteca para descobrir *001

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 BIBLIOTECA SECRETA NA ALEMANHA Após o falecimento do engenheiro de minas alemão Bruno Schroder, foi descoberto na sua casa a existência de uma colecção privada de 70 mil livros. Todos adquiridos pelo engenheiro ao longo dos seus 88 anos de vida. O curioso é que, sem ninguém saber - excepto a sua esposa - Bruno foi construindo dentro da própria casa, prateleiras e mais prateleiras para os guardar. Incluindo no teto do sótão. O que resultou numa bela imagem que representa verdadeiramente a paixão pela leitura .  Schroder encomendava livros todas as semanas, em particular a uma livraria local, por muitos anos. Os livros englobam variados géneros e foram cuidadosamente registados num banco de dados, sendo arquivados de acordo com o editor. Todas as aquisições foram planeadas e, ao falecer, estava no processo de adicionar à sua colecção pessoal as obras de PG Wodehouse .   A biblioteca só foi descoberta com a sua morte, em Junho de 2022. Sem descendência, o destino dos livros é incerto. F

Pequenos Sacrifícios: Ann Rule, 1987, Crimes Reais - 004

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  CAPÍTULO 1 (cont. part. 04) Shelby Day virou-se para seguir os passos do Dr. Mackey em direcção ao interior da sala de emergências.  " Não " - disse a mulher loura. " Cher... Cheri! " Shelby parou, confusa. " O quê? ". A mulher apontou em direcção ao chão do banco do passageiro, no lado da frente. " A Cheryl está no chão. Não se mexe ". Shelby espreitou para o interior do carro sobre sombras. Havia outra criança ! Uma camisola escura tinha sido colocada à volta de uma menina que estava caída com a face na carpete do carro. A enfermeira teve de sentar a menina primeiro, para poder agarrá-la devidamente. Então, num só movimento fluído, tinha-a libertado do carro e corria com ela em direcção à sala de emergências. A criança estava pesada como pedra. Quando falhou em sentir sequer um fraco e independente esforço muscular vindo do fardo que carregava, Shelby temeu que a criança estava morta. Ainda assim, correu. Sentia um palpitar de coração a bater

Pequenos Sacrifícios: Ann Rule, 1987, Crimes Reais - 003

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CAPÍTULO 1 (cont. part. 03) A mulher delgada de cabelo louro murmurou que a alavanca do assento do banco da frente ficava de lado. A mão de Shelby encontrou o lugar exato e pressionou-a, o que jorrou o banco para a frente . Antes mesmo de Shelby ter hipótese de se erguer, o dr. MacKey esticou-se para além dela e agarrou o menino, levantou-o com seus fortes braços e desapareceu para o interior do hospital. Ele reparou no que as enfermeiras ainda não tinham notado. Quando se baixou para agarrar o menino, viu ainda outra criança dobrada no chão, à frente e pensou: " Meu Deus! Há uma terceira! Que vamos fazer? ". Mackey estava certo de que a enfermeira Shelby tinha visto a terceira criança um instante depois dele. Mas nas sombras, com o choque, ela não viu.  No rápido vislumbre que deu às primeiras duas jovem vítimas, Mackey percebeu que se tratavam de feridas no peito. Com excepção de um tiro direto na cabeça, não há nada pior que disparar contra o peito de pequenas crianças. Ma

Pequenos Sacrifícios: Ann Rule, 1987, Crimes Reais - 002

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 Excertos traduzidos da obra.  CAPÍTULO 1 (cont.) Shelby Day é uma mulher magra, de fala suave, perto dos quarenta, com seis anos de experiência nas emergências do McKenzie-Willamette. Ela usa calças brancas e uma bata com padrões em pastel. Quando lembra aquela noite de 19 de Maio de 1983, surgem espontaneamente lágrimas aos olhos.   " Estávamos a trabalhar no turno das quatro da tarde até à meia-noite. Tivemos o dia habitual de "bons" ferimentos - lacerações, galos na cabeça, entorses e ossos partidos. Estávamos ocupados, mas não haviam realmente grandes emergências. O Dr. Mackey estava a terminar de atender um paciente às dez e quinze. A Rosa e eu estávamos naquela pequena sala de trás a tratar de papelada. Existe sempre muita papelada para atualizar. A Judite estava na sua secretária no corredor "...  Judite Patterson , uma loura sorridente, tem dois empregos para sustentar o seu filho Brandon, que tinha nove anos em 1983. No turno de dia, ela é recepcionista n

Pequenos Sacrifícios: Ann Rule, 1987, Crimes Reais - 001

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  Excertos traduzidos da obra.  CAPÍTULO 1:  A má chamada chegou ao departamento policial de Springfield as 22.40. " Hospital McKenzie-Willamette alerta sobre disparos de arma com vítimas no local. Policiais destacados ao local. Chegada: 22.48 ".  Rosie Nartub, RN, Shelby Day, LPN, Judy Patterson, a recepcionista do turno da noite, e o Dr. John Mackey, médico responsável, compunham o turno da tarde na ala das Emergências do Hospital McKenzie-Willamett, em Springfield, USA.  A ala das emergências do McKenzie-Willamett como existia no final da primavera de 1983, era um pouco apertada, antiquada. A tinta nas paredes e rodapés tinha sido esfregada de forma monótona, o mobiliário da sala de espera era cromada e com o vinil a descolar. (...) Os soalhos do hospital brilhavam com a cera própria - naquele padrão tão popular nos anos 50, de ladrilhos cor verde floresta e branco com redemoínhos.  (descobri entretanto ao pesquisar o tipo de soalho descrito, que este contém abestos - uma